“Verdadeiramente a opressão faz endoidecer até o sábio, e a peita corrompe o coração.” Eclesiaste 7.7
Dentre as condutas humanas mais escusas e tristes é o ato opressor, a “despotização” relacional.
O comportamento opressor visa subjetivar, objetizar, imprimir sobre o outro a adequação forçada aos desejos e vontades do opressor.
As relações estabelecidas sob o poder da opressão, adoecem, psicossomatizam, agridem a alma, chegando a neurotizar os receptores de tais imposições.
Hoje em dia vimos socializada a preocupação estabelecida e até judicializada, quanto ao “bulling, o assédio moral”, dentre outras práticas que até então não eram trazidas à tona pela sociedade humana em suas conversas comuns.
Estas reações que se tornaram públicas e até legislativas fazem emergir o poder das possíveis opressões, as quais são diagnosticadas em todas as classes sociais por meio dos seus relacionamentos interpessoais. Isto é fato comprovado seja nas famílias, nas escolas, nos ambientes de trabalho, enfim, em todas as geografias de interação humana.
A opressão se visibiliza em relacionamentos nos quais as vítimas são desconsideradas em sua individualidade, em suas opções e preferências, em suas características específicas, em seus valores e princípios, sonhos ou desejos próprios.
A opressão também se verifica quando o peso das ameaças se impõe sobre o outro, seja de forma subjetiva, implícita ou na forma de chantagens emocionais, e ainda, na dimensão da possibilidade da agressão ou da violência.
O opressor alguma vezes impõe-se sobre os outros com o argumento da autoridade estabelecida, fazendo-o no uso indevido de sua autoridade, a qual até pode ser legítima, mas que fere o princípio da mesma, passando a forçar a alguém a atitudes e práticas ou comportamentos e decisões contrárias aquilo que o outro entenda como certo ou legítimo, tudo isto em relação às suas atribuições ou funções que possua, ou, quem sabe, até mesmo na sua liberdade lícita de decisão.
Hoje os consultórios psicológicos abundam em consultas provenientes deste estilo de relações, sejam crises provenientes dos ambientes familiares, sejam aquelas originadas de ambientes funcionais de trabalho, como também incluindo nesta estatística as relações “discipulares eclesiais”.
Quantos em nome de uma autoridade eclesiástica, de um “discipulado opressivo’, adoecem os outros na mesma dimensão.
Durante os anos do ministério que Deus me tem confiado tenho presenciado verdadeiras “patologias de alma “cronicamente estabelecidas nas mentes e corações de muitos que, passando pelas fileiras de ambientes religiosos, viveram experiências opressivas e adoecedoras pautadas no “abuso de poder”.
Isto ocorreu na forma de “discipulados” que se degeneraram em terríveis formas de controle do comportamento alheio, pautados em uma “vigilância” quase que investigativa, de tal maneira a despersonalizar o outro ou pelo menos tentar fazer com que este objetivo se configurasse possível.
O opressor impõe pelo medo, pela agressividade verbal, pelo desprezo público, pelas chacotas e menosprezo lançado na direção do outro.
Não são poucos aqueles que, diante da simples presença de quem os oprime, fecham-se, mudam posturas, alteram-se subitamente, somatizando sensações, entristecendo os olhares, aterrorizando-se subitamente com calafrios estomacais ou sensações similares, dentre outras percepções.
Só quem passou pelos níveis de opressão que citei aqui pode de fato dimensionar o poder destruidor de tais ações sobre sua vida, seu organismo e sua alma.
O conselho ímpio sugere a opressão como caminho de imposição da personalidade, da vontade ou da pseudo-missão que alguém entenda possuir.
O conselho ímpio diz: “Faça valer o seu direito e seus conceitos a todo o custo”.
Ao opressor o Conselho de Deus diz:
“Por causa das muitas opressões, os homens clamam, clamam por socorro contra o braço dos poderosos.” Jó 35.9
Quando os oprimidos clamam ao Senhor, Ele os ouve. Êxodo 3.1
Quando Deus ouve, Ele resolve “descer”, intervir. Salmos 146.6: que fez o céu e a terra, o mar e tudo quanto neles há, e que guarda fidelidade para sempre, que faz justiça aos oprimidos,
Que o opressor se lembre. É o próprio Deus que faz justiça aos oprimidos.
Dura coisa é cair nas mãos de um Deus irado.
Hebreus 10. 31: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.”
Aos Oprimidos o Conselho de Deus diz:
Eu me levanto pela sua causa.
"Por causa da opressão do necessitado e do gemido do pobre, agora me levantarei" (Sl 12.5).
Eu despojarei aqueles que lhe oprimem e serei seu advogado.
"Não explore os pobres por serem pobres, nem oprima os necessitados no tribunal, pois o Senhor será o advogado deles, e despojará da vida os que os despojarem" (Pv 22.22,23)
Eu lutarei por você.
"pois aquele que defende os direitos deles é forte. Ele lutará contra você para defendê-los (Pv 23.10,11).
Eu ouvirei o seu clamor.
"o lamento dos ceifeiros chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos" (Tg 5.4).
Vinde e eu vos aliviarei.
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” Mateus 11:28
Vocês não ficarão envergonhados
“Oh, não volte envergonhado o oprimido; louvem o teu nome o aflito e o necessitado.” Salmos 74:21
Eu sou o teu Refúgio
“O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia.” Salmos 9:9
Eu vim para te libertar
“A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. Lucas 4:19
Fica novamente a questão.
Ouviremos o conselho dos ímpios e nos tornaremos opressores relacionais? Dizem que aqueles que foram abusados ou oprimidos tendem a reproduzir abusos e opressões de maneira igual.
Se é o nosso caso, é isso que admitiremos como certo? Já que fizeram comigo, farei com outros?
Ou olharemos para o que Deus nos diz e assistiremos o Seu intervir em nosso favor?
Pense nisto e tome a sua decisão.
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