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Capítulo 9 - O Conselho do Ímpio e a Corrupção

Foto do escritor: Fernando Alberto AraújoFernando Alberto Araújo

Atualizado: 27 de abr. de 2019




Medite um pouco sobre o que encontramos nestes textos bíblicos:


Miquéias 7.2,3 “Pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que seja reto. Todos armam ciladas para sangue; cada um caça a seu irmão com uma rede. As suas mãos fazem diligentemente o mal; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, e o grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles são perturbadores”.


Êxodo 23.8 “Também suborno não aceitarás, pois o suborno cega os que têm vista, e perverte as palavras dos justos”.


o ímpio acerta o suborno em secreto, para perverter as veredas da justiça” (Provérbios 17.23)


“ai dos que...justificam o ímpio por suborno, e ao justo negam justiça” (Isaías 5.22,23).


Salmos 82.2-5ª “Até quando defendereis os injustos, e tomareis partido ao lado dos ímpios? Defendei a causa do fraco e do órfão; protegei os direitos do pobre e do oprimido. Livrai o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles nada sabem, e nada entendem. Andam em trevas”.


“Os teus príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno, e corre atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas” (Isaías 1.23)


Alguns desavisados quanto a temáticas Bíblicas devem ter se surpreendido com textos que falem de maneira tão contundentemente contra a atitude corrupta daqueles que ocupam espaços de influência ou responsabilidades de poder.


É claro que Deus se importa com a maneira como os homens conduzem os seus dias, especialmente quanto ao trato administrativo que envolve outras pessoas, sejam no ambiente familiar, eclesiástico, funcional de trabalho ou de natureza social e pública, ou que envolva as nossas responsabilidades civis.


Estamos neste livro analisando como o ímpio pensa, como ele se comporta e os conselhos que advoga para influenciar outros à imitação do seu estilo de vida.

É assim que o Salmo 1 nos apresenta a advertência para não darmos ouvidos a conselhos tais.


Para o ímpio a corrupção pode ser um caminho, um estilo de vida possível e até compreensível no comportamento humano diante da falibilidade natural do ser.


Todos erramos, mas segundo os defensores da "corrupção compreensível", os erros de natureza corruptiva são menores e "menos graves" diante dos "macro-erros" que alguém possa cometer. Desta forma, um homicídio ou feminicídio é mais hediondo do que um "pequeno deslize" tal como uma corruptibilidade diagnosticada e vista nas "propinas, subornos ou acordos", pensam os ímpios.


Infrigir a lei em atos mais graves é deplorável.


Cometer "deslizes" comportamentais com dinheiro público, administração pautada por desvios de recursos ou coisas assim, são crimes menores.


Para Deus e para quem sofre os efeitos diretos da corrupção, não.


Basta contemplarmos o momento em que vivemos como nação.


Os níveis educacionais jogados no chão, o estado dos hospitais brasileiros, o gráfico da criminalidade e insegurança pública, o estado da economia brasileira como um todo.


Nestas linhas anteriores mencionei apenas algumas das realidades trágicas que vivemos em função de gestões públicas casadas com a corrupção, com as propinas, com as mentiras.


Aqueles que se deram ou se dão ao hábito corrupto de ser são, certamente, criminosos horrendos e hediondos em sua concepção mais forte da palavra.


Matam possibilidades e pessoas, direta e indiretamente.


Fazem isto em progressão geométrica porque seus roubos e desonestidades afetam a milhares, e algumas vezes, a milhões de pessoas.


Voltemos aos textos bíblicos, em especial o de Miquéias.


Miquéias fala no primeiro texto que lemos, acerca de um tempo terrível que se abateu ao seu redor, no meio do seu povo.


Repito aqui o texto para refrescar sua memória:



Miquéias 7.2,3 “Pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que seja reto. Todos armam ciladas para sangue; cada um caça a seu irmão com uma rede. As suas mãos fazem diligentemente o mal; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, e o grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles são perturbadores”.


Algumas realidades similares aos dias de Miquéias e aos nossos podemos elencar aqui:


I - A primeira percepção de Miquéias quanto aos absurdos de seus dias está ligada ao fato de olhar ao seu redor e notar que os piedosos morreram, silenciaram-se, perderam a sua possibilidade de influência, já não se veem mais.


Esta é uma das mais tristes constatações que uma sociedade pode perceber.


Quando a perspectiva piedosa, de fé e compromisso com Deus e com a ética se esvaziam, perdem-se todas as referências possíveis para a construção do bem, daquilo que é justo e do que é correto para todos.


Desprovidos destas referências o homem se embrutece, pratica o mal, visa o seu próprio proveito a qualquer custo.


Quando os "piedosos morrem" resta-nos uma convivência brutal, animalesca, predatória.


Uma das frases que muito me fez pensar na vida foi efetivada por Rui Barbosa, ao dizer : “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude; a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”


Uma impressão consonante com este dizer poderia ter tomado o coração de Miquéias nos seus dias. No entanto, Miquéias não desanimou-se da virtude e nem teve receio de continuar trilhando o caminho da honestidade e da integridade.


Enquanto isso o conselho dos ímpios ao seu redor sussurraria: "Todo mundo faz. Faça você também. Não é tão grave assim".


A visão de tantos que se omitiam em sua piedade, em seu compromisso com Deus e com o legado de uma vida correta, era esta a primeira impressão que impactava Miqueías, assim como deve nos impactar o fato de presenciarmos nos nossos dias uma geração anestesiada diante dos absurdos da impiedade.


Acostumamos-nos com o sangue derramado que nos é servido nos fins de tarde pelos programas televisivos que falam das realidades policiais do dia.


Já não nos incomoda o relato de mortes por assaltos, latrocínios, homicídios, feminicídios.


Para nós tais informações se tornaram dados e gráficos estatísticos da violência local ou nacional.


Os jornais nos mostram os atos corruptivos cometidos nas instâncias de poder e achamos que isto é normal, afinal, sempre aconteceu e sempre vai acontecer.


E alguns chegam a afirmar que fariam o mesmo se estivessem lá.


Nos habituamos a chamar a corrupção dos "poderosos" de "jogos do poder."


Vendemos-nos.


Seja nas ruas, no trânsito em nossos subornos a fim de evitar multas, seja nos votos em troca de favores pessoais ou organizacionais, nas escolas em nossas "colas", nas igrejas ensinando um "evangelho" contaminado com as mais espúrias intenções humanas.


Afinal de contas, é possível fazer campanhas de prosperidade sem necessariamente dizer que só prospera legitimamente quem conquista pela vida reta.


Miquéias falava dos seus dias há quase 3 mil anos atrás, mas também falava dos nossos , como você pode imaginar ao ler esta reflexão.


II - A segunda compreensão de Miquéias é a da ausência da retidão no comportamento humano.


Longe de querer aqui dizer que minha perspectiva hermenêutica seja impecável ou inquestionável, porém, ao avaliar este texto em seu contexto, não vejo Miquéias pretendendo conceituar a pecabilidade humana, a falência ou existência da natureza pecaminosa.


Por aquilo que percebo não é esta a intenção do texto.


Miquéias está fazendo uma constatação, uma avaliação dos resultados, trazendo o resultado de uma equação já estabelecida.


O comportamento do homem não é reto, não se pratica a retidão.


Para entendermos o que realmente Miquéias estava percebendo em sua geração, entendamos o significado Bíblico de Retidão : "Qualidade do caráter pela qual a pessoa age de acordo com o que, pela lei de Deus, é considerado certo, justo e próprio; integridade (#/RA Sl 25.21; Ef 4.24). V. JUSTIÇA (3). 2) Atributo de Deus: v. JUSTIÇA (1) (#Sl 9.8). "


Significado de Retidão no sentido geral - Substantivo feminino - "Qualidade de quem possui senso de integridade, de justiça; integridade. Pessoa de caráter integro; quem se comporta a favor da razão, da lei, do dever: retidão de caráter. [Figurado] Característica de quem segue os preceitos da lei, da legalidade. "


O que Miquéias estava dizendo é que estas qualidades mencionadas nestas definições estavam ausentes na vida das pessoas daqueles dias. Em assim sendo, fica fácil deduzir que os dias do Profeta não são muito diferentes dos nossos, não é mesmo?


Relativizar o que é certo, minimizar as consequências daquilo que se faz errado. Esta é a base do conselho dos ímpios na questão do comportamento humano ou do modo como cada um deve efetivar as suas conquistas.


Alguns chegam a usar o famigerado ditado: " Deus escreve certo por "linhas tortas".

Jamais!! Sabemos, pelo caráter de Deus revelado à nós e por aquilo que as Escrituras Sagradas nos revelam que: "Deus escreve certo e suas linhas são retas".


Em Deus, a vida reta é o menor caminho entre dois pontos.


Conquistas duradouras, prósperas e abençoadas em seu legado, dar-se-ão com respaldo pela retidão das condutas. Sabemos que "o que vem fácil" vai do mesmo jeito que veio.


Onde não há retidão não há paz, consciência tranquila; e é aqui o campo predileto para a insegurança pessoal e relacional; é a estufa onde se cultivam as incertezas.


Quantos se utilizam da Bíblia para advogar que as quebras de princípios podem até ser compreensíveis e toleradas, por Deus ou pelos homens.


Fazem isto utilizando o texto de ECLESIASTES 7. 16 "Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?".


Preciso aqui novamente apelar, no bom sentido, para uma hermenêutica, uma interpretação mais exata.


O texto de Eclesiastes não é uma defesa de tese para comportamentos distoantes quanto à retidão. Não advoga que se pode permitir condutas errôneas se as intenções são boas.


O texto em questão fala que nossa pretensa ou real justiça não deve parecer aos outros como opressora, arrogante, perante os demais, o mesmo se aplica para a sabedoria.


É como se dissesse, "é sábio que não pretendamos estabelecer sobre os outros, de forma arrogante, o peso ou a presença da nossa retidão".


Trata-se de "não esfregar na cara do outro" os seus erros, faltando com misericórdia e ao mesmo tempo exaltando sobre os mesmos as nossas virtudes.


Rejeitar o conselho ímpio para a permissividade, para a flexibilização da retidão em nosso caráter, é caminho sábio e revelador de que nossa integridade não é momentânea, mas que é conceitual e faz parte das nossas vidas.


III- A terceira e talvez a mais importante compreensão de Miquéias está no fato de que a corruptibilidade explícita, concreta, demonstrada nos comportamentos externos, nasce de uma alma corrompida.


Veja o que o profeta diz: "...e o grande fala da corrupção da sua alma,"...


Corrupção da alma fala da realidade interior.


Alguém se corrompe ou tenta corromper a outros porque está corrompido em seu interior.


Jesus falou sobre isto. Veja o que Ele disse:


"Nenhuma árvore boa dá fruto ruim, nenhuma árvore ruim dá fruto bom. Toda árvore é reconhecida por seus frutos. Ninguém colhe figos de espinheiros, nem uvas de ervas daninhas. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração." Lucas 6.43 a 45


Desta forma, percebemos que o homem é por fora, em suas intenções e atitudes, o resultado da frutificação daquilo que ele é por dentro, em sua alma.


É na alma que as intenções se resolvem, vez que ali esta a sede das vontades próprias. Também na alma as convicções se instalam, porque também ali está a sua capacidade intelectual estabelecida. Semelhantemente ali residem as posturas emocionais, uma vez que os sentimentos ou emoções estão sedimentados na alma.


Somos por fora aquilo que somos por dentro.


Podemos tentar "maquiar', esconder, aparentar outra coisa durante algum tempo. Mas, cedo ou tarde, quando menos esperarmos, a denúncia daquilo que realmente somos há de se manifestar na forma da frutificação nos relacionamentos ou nos comportamentos pessoais.


Miquéias fala de uma geração que se contaminou, que permitiu-se levar pelo estilo ímpio de ser.


Em nossa geração estamos vivendo exatamente uma encruzilhada conceitual.


Ou lutamos por aquilo que é certo, ético, que possibilite valorar o caráter íntegro e sério das pessoas; ou, por outro lado, satifazemo-nos com a conclusão de que existem corruptibilidades permissíveis, aceitáveis, se as mesmas não produzirem impactos maiores sobre os afetados à sua volta.


Por isso é comum ouvir alguém dizer: "...eu não sou tão corrupto assim, é só uma notinha de restaurante..."; outro dirá: ...é só uma mentirinha para o bem..."


Poderíamos citar aqui diversas desculpas para justificamos os nossos erros e macro-dimensionar o de outros.


Neste capítulo, concluímos que a corrupção, a corruptibilidade, se constituem caminhos graves, que não passam desapercebidos aos olhos de Deus e nem daqueles que são afligidos por seus feitos.


Todo corrupto ou corruptor, a seu tempo, tem a resposta contudente do Alto.


Para escapar dela, só agindo como Zaqueu em Lucas 19, ou seja, arrependendo-se e restituindo.


Há uns 4 anos atrás todo o Brasil cantou de diversas formas, ritmos e com cantores os mais diferenciados, a canção: "Como Zaqueu, quero subir...Entra na minha Casa, Entra na minha vida."


Quando Jesus entrou na casa de Zaqueu houve um momento em que o Senhor disse:

"Hoje houve salvação nesta casa..."


Sabe quando foi que Jesus disse isto? Logo após Zaqueu dizer isto:


"Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado." Lucas 19.8


A conversão de Zaqueu foi a mudança de um Publicano, um cobrador de impostos corrupto, o qual, ali, diante da preciosa presença de Jesus determinou-se a mudar de vida.


Que esta espécie de conversão alcance a nossa nação nestes dias. Em Nome de Jesus.


Fuja do conselho dos ímpios, jamais abrace a corrupção como um caminho aceitável.



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